terça-feira, 29 de outubro de 2013

Caso Royal abre debate a respeito da experimentação animal

Por Juliana da Silva, Ligia Lotério e Natalia Ramacciotti
Na madrugada do dia 18 de outubro o Instituto Royal, centro de pesquisa farmacológica localizado em São Roque (SP), foi invadido por manifestantes que retiraram 178 cães, da raça Beagle, do local. Segundo os ativistas, os animais se encontravam em péssimas condições de higiene e saúde, no entanto, o Instituto é regulamentado pelo Concea, Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, recebendo até mesmo investimento público.


Um dos Beagles do Instituto Royal.
Foto: Cristiano Novais/Folhapress
Este fato abriu o debate, há muito tempo esquecido, sobre o uso de animais vivos em pesquisas em prol de vidas humanas. O que resultou em diversas ações, como a ocorrida dia 24, na qual ativistas invadiram e filmaram uma aula prática de medicina em uma universidade paulista, em que foram realizadas traqueostomias em porcos anestesiados.

A legislação brasileira permite o uso de animais para fins científicos e didáticos, desde que os cientistas forneçam as melhores condições possíveis aos bichos. “Os testes com animais são permitidos somente quando não existem métodos alternativos. É a lei federal 11.794/08 que regulamenta isso.”, disse a advogada Sandra Limande, integrante da comissão de Defesa e Proteção dos Animais, que atua como jurista voluntária no Instituto Nina Rosa, o qual produz material para a ampliação da consciência humanitária.

Os métodos alternativos mais comuns são ovos de galinha embrionados, pele artificial, além de experiências com células tronco. Alguns países vêm buscando métodos inovadores para realizar pesquisas, substituindo o uso de animais e reduzindo os custos em até 70%. Além disso, alguns pesquisadores defendem métodos alternativos, pois alegam que não se podem recriar certas patologias em animais, como o autismo, o que interfere no processo de estudo.

As indústrias farmacêuticas se pronunciaram sobre a utilização da pesquisa animal em suas dependências enquanto muitos blogs e sites disponibilizam listas sobre empresas que são adeptas a esta prática, a fim de influenciar na decisão do consumidor. “Em minha opinião, o assunto é muito mais complexo do que a utilização ou não de animais, ele atinge todas as nossas atitudes e decisões de consumo”, disse Limande.
O que está em pauta é a legalização da prática, que é considerada pela maioria dos cientistas como essencial ao desenvolvimento humano.



Fique por dentro da lei

Por Guilherme Guerra Galon

As primeiras regulamentações para atividades de pesquisas com animais datam do governo Vargas, quando foi determinado pelo Decreto nº 24.645, de 1934, que “todos os animais existentes no país são tutelados pelo Estado”.
O decreto considerava como maus tratos aos animais, por exemplo: “golpear, ferir ou mutilar voluntariamente, qualquer órgão ou tecido de economia, exceto a castração, só para animais domésticos, ou operações outras praticadas em benefício exclusivo do animal e as exigidas para defesa do homem, ou no interesse da ciência”.

Dentre outras datas importantes relacionadas ao assunto estão:

-1979, foi publicada a lei 6.638, que estabelecia normas para a prática didático-cientifica de vivissecção de animais: “O animal só poderá ser submetido às intervenções recomendadas nos protocolos das experiências que constituem a pesquisa ou os programas de aprendizado cirúrgico quando, durante ou após a vivissecção, receber cuidados especiais” (art.nº4); esta lei foi revogada em 2008.

-1988, Capítulo VI do meio ambiente da Constituição da República Federativa, foi determinado “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”.

-2008, a lei n° 11.794, intitulada como Lei Arouca, determinava que “A criação e a utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa científica, em todo o território nacional, obedece aos critérios estabelecidos nesta lei”.

A lei ainda estabeleceu a criação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal – CONCEA. Destacam-se dentre as suas competências a formulação de normas relativas à utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica, bem como estabelecer procedimentos para instalação e funcionamento de centros de criação, de biotérios e de laboratórios de experimentação animal.


Opinião em foco

Entrevista concedida por estudantes das Faculdades Integradas
 Rio Branco, campus Lapa, para o blog DeadlineFRB.


ATUALIZADO: Faculdades desistem de usar animais vivos em cursos de medicina.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A Passarela Masculina

Por Juliana da Silva, Lígia Marques e Natalia Ramacciotti.

A moda masculina tem se modificado ao decorrer dos anos, do clássico colete, terno, gravata dos anos 30 até as calças skinnys dos anos 2000.

A partir da década 40, o visual masculino se simplificou graças a escassez causada pela guerra.
Elvis Presley,  ícone da década de 50.
A década de 50 trouxe estereótipos como Marlon Brando e Elvis Presley, ícones que transmitiam rebeldia ao deixar de lado o visual empacotado e aderir à jaqueta de couro e a calça jeans.
Nos anos 60, o fenômeno do cabelo tigelinha, sapatos de bico fino e gravatas estreitas se propagou por todo o mundo. Esta mesma década também foi palco para o movimento Hippie, marcado pelo festival de Woodstock, em que se pôde notar o uso de batas, colares e anéis.
Os anos 70 e 80 foram marcados pelo surgimento dos punks e glams. Os punks remetiam aos antigos rockeiros e os glams ao estilo exagerado, como ternos brancos e peito a mostra.
Os Grunges surgiram nos anos 90, com o estilo “não ligo para roupas” e fizeram sucesso com camisetas de flanela e calças largas.

A partir dos anos 2000, a moda masculina se tornou mais justa, literalmente. Ternos e calças no formato fit invadiram as ruas.Hoje é notável a mistura do formal com o informal. Blazers, gravatas e camisas sociais completam looks de roupas modernas e coloridas.
As camisetas passam a ser mais apertadas e muitas cultuam ideias, culturas e ídolos, como bandas das gerações passadas.

Estilos 

O mundo da moda é atualizado constantemente com novas tendências. Entretanto o cenário fashion carrega uma diversidade de estilos, relacionados à personalidade de cada pessoa.
O skatista Bob Burnquist
Eric Nunes, aluno de Comunicação Social é adepto ao estilo skatista, inspirado em visual como o do cantor Chorão e de Bob Burnquist, e afirma que as marcas famosas dos Estados Unidos fazem sucesso com as mulheres: “Depende de quem você quer agradar, em uma festa você vai conseguir atrair as mulheres usando roupa de marca, como Hollister”.
Já Natan Rodrigues, aluno de Jornalismo, tem o estilo mais rockeiro e é adepto ao uso de munhequeira e camisetas de banda: “Eu gosto dos rockeiros dos anos 80, eu me inspiro bastante e admiro James Hetfield, vocalista do Metallica e Tony Iommi, guitarrista do Black Sabbath”.


Olhar Feminino

Fernanda de Lima, 20, percebe uma tendência de roupas mais justas nos homens, remetendo até  mesmo a um estereótipo feminino. Paulinho Vilhena, David Beckham e Johnny Depp foram citados como homens que se vestem bem e chamam a atenção do público feminino. O uso de roupas de marca não foi citado pelas mulheres como artigo essencial. “As roupas devem se adequar e refletir a personalidade da pessoa, isto é o mais importante”, disse Larissa Grégio, 26.
Johnny Depp
Paulinho Vilhena

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A História Se Repete

Vinte centavos ou vinte réis? A história se repete.
Por Ligia Lotério
Com 120 anos de diferença, protestos populares pedem a diminuição nas tarifas de transporte público.
Mais de cinco mil pessoas se uniram em frente do campo São Cristóvão, lideradas pelo jornalista Lopes Trovão, na cidade do Rio de Janeiro, para protestar contra o imposto de 20 réis sobre todos os passageiros que usam o transporte público na cidade.


Após a fracassada tentativa de conciliação por meio do Estado, dois pelotões do Exército invadiram o Largo São Cristovão. Estes foram aplaudidos por parte dos cidadãos ao mesmo tempo em que eram atacados pelos vandalos, provocando a fúria por parte do tenente-coronel Antônio Enéias Gustavo. 


As estatísticas de mortos e feridos são imprecisas, mas acredita-se que a ordem de fogo resultou em mais 10 mortos e 15 feridos.


Um grupo de pessoas se une para lutar contra o aumento da passagem do bonde, ou seria do ônibus? O Exército ataca violentamente os manifestantes, ou seria a polícia? Vinte centavos ou vinte réis?
Coincidências a parte, estas informações foram veiculadas no dia primeiro de janeiro de 1880, época que marcou o Brasil pela série de protestos conhecidos como a Revolta do Vintém, os quais pediam ao imperador D. Pedro II que revogasse a taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano, na época bondes puxados a burro.
Um paralelo pode ser traçado com os fatos deste ano, quando o Movimento Passe Livre, principal responsável por organizar as manifestações por meio das redes sociais, reuniu mais de 12 mil pessoas para protestar contra o aumento de vinte centavos na passagem do transporte coletivo, inciando assim, uma onda de protestos e reflexões sobre os problemas do país.
A frase "O gigante acordou!" foi o lema dos protestos deste ano, os quais, certamente, serão estudados nas aulas de história das próximas gerações, assim como a revolta ocorrida em 1880. Analisando ciclicidade da história, teoria desenvolvida por Maquiavel, pode-se refletir sobre os diversos acontecimentos "reprisados" e suas consequências atuais e futuras. Nisto, apenas há uma pergunta que não foi respondida:
Afinal, quantas vezes este gigante já dormiu?


As Novas Mídias Sociais

Por Guilherme Guerra Galon
O surgimento da tecnologia virtual foi um marco da história terrestre que revolucionou a existência humana, sendo a tecnologia a chave para um novo padrão de organização das funções e projeções do ser humano. A medida que tecnologia se desenvolve, ela vai se tornando mais influente em escala global, e deixando obsoleto esforços físicos e psicológicos da sociedade.
As midias globais chegaram a um ponto de se tornarem ferramenta de comunicação e conspiração popular, onde as autoridades não conseguem se infiltrar e conter seus assuntos abordados.


Para debater sobre esta realidade, foi entrevistado o Professor João Gomes da Silva, formado em História e Sociologia pela PUC e Universidade Paulista, respectivamente. Atualmente, é professor de História e Sociologia do Ensino Médio do grupo Mackenzie:

Deadline - O senhor considera as novas mídias sociais, como a Mídia NINJA, Fora do Eixo, Black Bloc e Anonymous algo digno de ser chamado de Jornalismo?
João Gomes da Silva- São diferentes. O jornalista não pode prescindir do Facebook, Twitter, destas ferramentas que são colocadas para comunicação, afinal de contas, vivemos em uma aldeia global, e essas ferramentas nos conectam com o mundo, então, a medida que isto facilita o trabalho do jornalista, ele não só deve utilizar como não ter preconceito, pensando em utilizar essas mídias para a agilização da informação, é importante, eu acho necessário.


Deadline - Quais são as perspectivas que o senhor vê para este tipo de mídia?
JGSAs novas gerações, que estão na universidade ou entrado para uma, viveram o “Boom” desse tipo de comunicação, então essas ferramentas virtuais fazem parte da vida destes alunos.Se perguntam se essas mídias vão pegar, eu acho que já pegaram, já são uma realidade, e são milhões de pessoas que acessam. Por essas mídias você vende coisas, compra coisas, organiza movimentos para discutir questões da sociedade, questão da falta de transparência dos políticos, a questão da corrupção, então estas mídias já estão na realidade de todo mundo, principalmente do jornalista, precisa fazer.

Deadline- Se relacionar esta liberdade virtual com os tempos de ditadura, por exemplo, quais as mudanças que poderiam ocorrer e as medidas que seriam estabelecidas?
JGS- Na minha época, principalmente na década de 60, vivemos um período das populações, das pessoas com consciência sentindo na pele as dificuldades, e indo pra rua lutar por Estado de direito, não- violência, mais educação, mais saúde, mas acho que é um outro tipo de configuração. Como seria isso hoje? Eu imagino que seria melhor usado, por conta do nível de consciência, das populações de jovens que iam para rua, eles queriam mudar a estrutura e a realidade, eles queriam construir um outro mundo, um novo jeito de ser. Não sei se  hoje queremos construir um novo mundo, ou fazer uma caiação deste que já esta ai.

Deadline- Como o senhor vê a quebra de fronteiras, a informação caminhando livremente em escala global por essas novas mídias?
JGS- Eu acho que o que é importante dessas mídias é este lado de você não controlar, ou você poder controlar pouco., particularmente eu acho que a mentira vai fazer parte do jornal, do radio, da televisão, e faz muito mais parte deste “ cavalo sem freio” que é a internet, que são estas mídias virtuais, eu acho que isso é que é legal, você não ter controle sobre isso, é bom porque facilita a comunicação, ela fica muito mais fluida, muito mais rápida, por que se alguém mente, dois lados vão mentir, e a mentira esta nesse tipo de informação porque, principalmente no envolvimento de conflitos, guerras, guerras econômicas, da dos dois lados. Então, eu imagino, a internet é esse veículo interessantíssimo de comunicação e só é tão fascinante por ser difícil de controlar, senão seria igual o rádio, igual a televisão. Todos os veículos de informação tem a sua dose de hipocrisia, que eu acho fazer parte do mundo contemporâneo, pós- moderno.

Deadline- Para encerar, estabeleça um parâmetro entre o antes/depois do surgimento das novas mídias, destacando seus lados positivos e negativos:
JGS- no século XIX, que é o século que as coisas acontecem, se tem a segunda revolução industrial, ai, no começo de século XX se tem a terceira revolução industrial, ai o rádio, que é uma revolução na década de 20, a televisão, os jornais que já existem desde sempre, mais o telefone no século XIX, a gente tinha um tipo de comunicação que era analógica, ai se deu um salto para um tipo de informação digital, isso muda as perspectivas, então lugares que não eram atingidos pela informação passam a ser atingidos. Se pensar na medicina, que alguém pode fazer uma cirurgia de alguém que está no Japão, comandando através da maquina e assim por diante, isso é fascinante, e eu acho que isso é jornalismo, o que se faz hoje é jornalismo, é necessário utilizar todas essas mídias para poder fazer o jornalismo de hoje, onde não se concebe mais o jornalista com a sua pranchetinha e mais nada.

Entrevista com o jornalista Fabrício Marques sobre os protestos de 2013

Por Lígia Marques e Natália Ramacciotti
O jornalista Fabrício Marques, editor executivo e coordenador de mídias eletrônicas da revista Pesquisa FAPESP, nos recebeu na redação da própria publicação e, atencioso, comentou os fenômenos das manifestações deste ano, Mídia NINJA, a influência das redes sociais, e suas perspectivas futuras sobre o assunto.
A cidade de São Paulo foi responsável por dar início à onda das grandes manifestações, em junho de 2013. O estopim: o aumento dos vinte centavos na passagem de ônibus.
Foi então, que entrou em destaque o Mídia NINJA (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação). O representante, Bruno Torturra e seus companheiros, cobriram as manifestações, com direito até a vídeos ao vivo, direto dos locais em que ocorreram os protestos. Em um só dia a transmissão foi acompanhada por milhares de pessoas. Eles fazem uso da tecnologia e transformam tudo em informação, por meio de aplicativos de celulares, das redes sociais, como Facebook e Twitter.
Deadline - Para o senhor, o Mídia NINJA é considerado uma tendência entre os jovens?Fabrício Marques - Sim. É um ambiente onde se consegue alcançar uma certa audiência com o público, mas não o público massivo. Não precisam de tantos recursos, nem de muito dinheiro ou equipamentos, os recursos digitais permitem que existam várias formas da informação chegar ao destinatário.

Deadline - Para o senhor, qual seria o fator que levou os jovens a se manifestarem somente agora?
F.M - Há várias hipóteses. Acho que tem uma coisa, que não é restrita aos jovens, uma certa indignação coletiva com alguns problemas que tiveram o cume com o problema do transporte, que piorou muito em São Paulo, e uma certa indignação com o tratamento que os protestos receberam. Depois os casos de corrupção se juntaram e, na verdade, um pavio foi aceso. Pode-se ver, por exemplo, grupos ultras radicais, de extrema esquerda, que tentaram mobilizar as pessoas a favor de mudanças, como os que invadiram a USP, mascarados, os integrantes devem estar no meio desses protestos. Os protestantes brigam por coisas importantes, que incentivaram todos a também irem às ruas, principalmente após a repressão dos policiais. Agora as coisas estão mais calmas, é necessário aparecer uma nova pauta, acredito que Rio de Janeiro é um forte pretendente a isso, pois há um componente principal, a indignação contra o governo. É uma coleção de pautas que se juntaram. Agora estão em uma outra fase, meio fascista, eles vão para as ruas para quebrar.

Deadline - A agressividade nas manifestações tem algum ponto positivo?
F.M - Quebrar um orelhão, vidros de banco, tentar botar fogo no Itamarati... Qual é o sentido? Há quem diga que está reagindo da mesma forma que a sociedade age com ele. Em uma ou outra situação pode haver alguma justificativa, como a das pessoas que acuaram um policial, com a explicação “O que a gente fez com ele a policia faz com a gente.”. Eventualmente, essas reações podem ser justificadas, mas acredito que, na maioria dos casos, não. Não há uma pauta, é a violência pela violência, uma coisa meio fascista mesmo, o que traz um efeito contrário, que afasta as pessoas, por conta do medo. É como em um estádio de futebol.

Deadline - O Senhor vê continuidade nos movimentos? Com quais expectativas e futuras reivindicações?
F.M - É difícil dizer. Vamos entrar em um ano de eleição e Copa do Mundo, 2014. Acredito em um amortecimento pela Copa do Mundo. Em relação às eleições, todo mundo irá às urnas, não serão apenas alguns grupos, e isto pode ser frustrante para quem acha que indo para as ruas, se manifestar, poderia mudar alguma coisa. Quem foi, e vai, para as manifestações são os grupos, que tem uma força moral, mas não é a maioria da população. São dois ou três milhões que participaram, e o país tem 200 milhões. O ano de eleição é tenso por natureza, há o horário eleitoral, brigas, oposição falando mal do governo, o governo dizendo o que fez, os aliados defendendo, apanhando... Quais influências essas mobilizações vão causar nisso? Eu não consigo prever. Mas acredito que será algo desigual entre os estados.

Deadline - Os brasileiros adotaram a máscara do V de vingança (Anonymous) como símbolo. Existe para o senhor, algum símbolo ou personalidade nacional que poderia ser usada nas mesmas circunstâncias?
F.M - É muito pulverizado, acredito que dependa de cada grupo. Houve uma manifestação em que os integrantes usaram a máscara do Joaquim Barbosa, mas não houve muita repercussão e, para mim, isto é um problema já que não há uma liderança. Há muitas caras, mas a principal, hoje, são os mascarados, os Blacks Blocs, que estão virando um símbolo.

Deadline - Existem estudos abordando as manifestações que ocorreram este ano?F.M - Não. É cedo para um estudo mais aprofundado, pois estes trabalhos demoram, os mais rápidos terminam em dois anos. Há um ebook chamado Choques da Democracia, de Marcos Nobre, que foi bem recebido, aplaudido, porém é mais uma análise de um intelectual do que um estudo sociológico.

Entrevista com Tomás Chiaverini, editor-chefe do Roda Vida, Tv Cultura.


Por Juliana da Silva 

Em entrevista exclusiva, Tomás Chiaverini, fala sobre as questões referentes as novas mídias e movimentos sociais. Ele  foi repórter da Folha de São Paulo e tem colaborado para publicações diversas, em especial para a revista Piauí. O jornalista e autor dos livros-reportagens “Cama de Comento” (Ediouro-2007) e “Festa Infinita” (Ediouro-2009), Chiaverini atualmente é editor-chefe do programa Roda Vida, da Tv Cultura.


Deadline - Como foi o processo para chegar até os Mídias Ninjas?
Tomás Chiaverini  – Não foi difícil chegar até eles.  Foi fácil, eu mandei uma mensagem por facebook, via inbox, no próprio perfil deles. O assessor deles me respondeu, me passou seu telefone e começamos a conversar, Tudo começou pelo facebook.

Deadline - Foi difícil falar com o Capilé, como ele é, a pessoa?
T.C – Ele é um cara sensível, é difícil, por que o Roda Vida é um programa que tem muito prestígio, então, pra gente é mais fácil falar com as pessoas, por que as pessoas tem o interesse em falar para o nosso programa.
Pra gente, o Roda Vida, não foi difícil. Eu comecei a falar com o Felipe, que é assessor de imprensa. Conversei muito pouco com o Bruno Torurra e com o Pablo Capilé. O Torturra era da TRIP, ele já participou do programa como “twitero”, enfim, não foi difícil.

Deadline - Para os dois, Torturra e Capilé como foram à reação deles em falar sobre o que eles fazem em uma emissora de TV?
T.C  – A meu ver, eles me pareceram muito confortáveis. O Bruno é um pouco tímido, ele ficou um pouco nervoso antes do começo do programa. Mas eles se deram bem e depois deu toda aquela repercussão sobre o programa.

Deadline - E para você, qual sua opinião sobre os Mídias Ninjas e outros, como o Black Bloc?
T.C  – São coisas diferentes, o mídia ninja, é um experiência interessante que aconteceu em um momento específico com algo muito especifico. Enquanto você estava na rua, com o seu celular, filmando e transmitindo ao vivo o que estava acontecendo, algo muito interessante.
Acho que o desafio deles agora, fora a questão sobre o Fora do Eixo, será o Mídia Ninja como veículo de imprensa mesmo, vai ser conseguir sobreviver num Estado de quase exceção, que era o que estava acontecendo no meio das manifestações. Era muito propício aquela coisa de manifestações, a imprensa estava com a dificuldade de cobrir, então era muito propício para eles abrirem uma câmera e filmar e transmitir ao vivo. Eu acho que agora temos que esperar pra ver o que vai acontecer daqui pra frente.
Os Black Bloc, não conheço muito, mas pelo que eu li na imprensa, eles, independentemente de ideologia que têm, atrapalharam as manifestações, por que criaram um clima de insegurança que afastou as pessoas e diminuiu o tanto de gente nas ruas.